sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Uma nova desafiante

Nos últimos meses passei pela segunda pior crise da minha vida. Nada de doenças, tragédias ou separações dolorosas, a questão foi bem diferente. Resumindo, percebi como o provável futuro é triste, tanto pra mim como pra maior parte da espécie humana. Pode parecer exagero, mas só passei por dias mais tristes uma vez na vida e quem me conhece sabe que não sou de fazer dramas desnecessários. Falei sobre isso com poucas pessoas e publiquei o texto A razão é uma vadia que mostra exatamente o que eu estava pensando, mas não como eu estava me sentindo.

Como falei no texto, estava vendo duas possíveis soluções: ignorar a razão ou pensar numa saída lógica pro meu problema. Segui a segunda opção (sou bem previsível mesmo) e as coisas começaram a piorar. Essa é uma das condições pra uma revolução, afinal ninguém pensa nisso quando a situação está aceitável. Então pra começar a revolução só faltava... bem, começar a revolução.

E foi aí que ela apareceu. Ela vai contra as probabilidades e faz coisas improváveis acontecerem, desafia a minha razão, faz eu mesmo ir contra minhas regras e ignorar as consequências. Ela é linda, me surpreendeu e me deixou apaixonado.

Bem na hora certa me ensinou que eu tenho que acreditar no improvável. Eu sei que sempre existe uma chance, mas, pelo jeito, precisava que alguém esfregasse isso na minha cara. E ela fez isso muito bem. Foi uma mudança pequena, algo que nem se vê muito por fora, mas foi muito significativa, afinal toda revolução precisa de um começo e começa justamente por dentro.

É razão, temos uma desafiante aqui. E ela tá ganhando. :)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Questione

A criminalidade está muito alta no Brasil.
Por quê?
Porque os policiais não são suficientes pra controlá-la.
Por quê?
Porque existem muitos criminosos.
Por quê?
Porque eles não tem emprego, ou não encontram um emprego que compense mais que ser criminoso.
Por quê?
Porque eles não tem educação suficiente.
Por quê?
Porque a educação não é uma prioridade no Brasil.
Por quê?
Porque quem decide as prioridades não quer um povo bem educado.
Por quê?
Porque ele fica mais questionador.

Moral da história: questione mais, nem sempre o problema é o que parece.

sábado, 26 de novembro de 2011

Não quero ser um alienado!

Depois que comecei a participar de movimentos populares passei a ouvir (ou ler) seguidamente a palavra “alienado”. Antes disso nem sabia ao certo o significado dela (sério), considerava apenas um xingamento aleatório. A definição que mais gostei foi uma da Wikipédia: “...refere-se à diminuição da capacidade dos indivíduos em pensar em agir por si próprios.” Também pode significar não ver a realidade, acreditar em mentiras ou viver de fantasias.

O que eu costumo ver são pessoas dos movimentos se referindo às outras como alienadas. É normal esperar que quem participa deles, no geral, tenha uma mente mais aberta. Nem sempre é o que acontece.

Alguns se juntam pela empolgação, orgulho, ou qualquer outro motivo, mas continuam fazendo o que faziam antes: repetir informação que já vem pronta. Melhor que repitam as nossas informações, sim, mas não é suficiente. Se você não quer ser um alienado, não basta mudar de lado, você precisa questionar e pensar.

Quero colaborar com isso, mas não sei bem como. Sou um péssimo professor e nem sei lidar bem com pessoas. Tento fazer eles pensarem sobre o que protestam com umas perguntas mais incomuns.

Alguém sabe de outro jeito? Aceito ajuda, dicas, aulas ou seja o que for.

domingo, 20 de novembro de 2011

Fatos e discussões

Ultimamente ando participando de várias discussões com pessoas capazes de argumentar racionalmente. Isso me levou a pensar nas coisas que podem dar errado num debate. Entenda-se “dar errado” como uma discussão improdutiva, que não leva a lugar nenhum.

Consideremos duas pessoas discutindo, com lógica em seus argumentos e sem utilização de falácias. Entendo que elas podem discordar em dois pontos:

No peso de cada argumento apresentado. Por exemplo, uma pessoa diz que a Microsoft é melhor por ter um sistema operacional (Windows) muito mais difundido, e outra defende que a Apple é melhor porque sua marca vale mais. É indiscutível que os dois argumentos são verdadeiros, mas qual deles é mais importante? Acredito que não há maneira simples de chegar a um consenso sobre isso, pois depende muito das convicções de cada pessoa.

Nos fatos que cada um toma como verdadeiros para sustentar seus argumentos. No exemplo que usei acima é muito improvável que os fatos sejam falsos. Sabemos que eles são baseados em pesquisas feitas por empresas especializadas e não há contestação dos mesmos por outras fontes. Infelizmente casos como esses não são tão comuns, e esse é o ponto que quero chegar.

Os incidentes que aconteceram na USP nas últimas semanas, são um ótimo exemplo disso. Podemos ver muita gente defendendo cada lado, mas acredito que ninguém tem certeza do que realmente houve, exceto os que participaram dos eventos.

A informação passa por vários obstáculos antes de chegar a nós. Temos as versões de cada pessoa que participou, seja policial ou estudante, que muitas vezes se contradizem; o filtro da mídia que pode escolher o que publicar de acordo com seus interesses; a incompetência de jornalistas resultando em informações ambíguas e incompletas. O resultado são discussões com argumentos baseados em fatos diferentes ou contraditórios, e não há lógica que resolva essa situação.

Se quiser meu conselho, ignore esse tipo de discussão. Ou, se você gosta de uma guerra sem fim, escolha um lado e procure os seus “fatos”. Só não esqueça seu facão.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Justiça

Escrevi esse texto há uns meses e postei originalmente no Abacate Doce. Melhorei ele um pouco aqui, mas a ideia é a mesma. 

“Bin Laden morto. A justiça foi feita.” Faz uns dias que venho pensando sobre justiça e cheguei a conclusão que ninguém é culpado. “Então tu concorda com estupradores, pedófilos, assassinos, políticos corruptos, etc.?” Não, eu não concordo com qualquer atitude dessas pessoas que prejudique outras, mas também não posso culpar elas.

Como? A ideia é simples: todos fazem o que o cérebro manda. Quem comete esses crimes realmente quer fazer isso, geralmente porque se sente bem, e a maioria sabe que é “errado”. Chega o momento que a pessoa tem que decidir entre desistir de sua satisfação ou tolerar o prejuízo da vítima, e escolhe a segunda opção. O que faz cada pessoa escolher coisas diferentes (além da situação) é a diferença entre seus cérebros. Você não pode ir contra ele porque você É ele. A carga genética que você recebeu e toda a interação com o ambiente desde que foi concebido formaram o seu cérebro do jeito que ele é. Resumindo, ninguém tem culpa do cérebro que tem, e consequentemente das escolhas que ele faz.

Então, se não existe culpa a justiça é inútil? Não. A justiça é uma parte importante do ambiente, criada por nós, e que lembra o cérebro de que prejudicar outras pessoas resulta em punição. Ela é um modo de fazer as pessoas seguirem regras através do medo. Parece bem cruel falando desse jeito, mas é a definição mais curta que consegui pensar.

O ideal seria que o homem não estragasse a vida do próximo simplesmente porque é o melhor pra humanidade. Mas não evoluímos o suficiente pra não precisar da justiça. E nem vamos evoluir.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

A razão é uma vadia

Desde criança as pessoas dizem que sou inteligente. Eu até acreditava, já que as minhas notas na escola eram geralmente acima da média da turma. Só mais tarde fui descobrir que existem diversos tipos de inteligência.

O meu caso não é nada muito específico ou fora do padrão, apenas uso a razão mais do que o normal. E é uma qualidade boa quando se trata de estudar, passar no vestibular e arranjar um emprego. Afinal, todos querem ser bem sucedidos profissionalmente. É pra isso que serve a vida, não?

Mas, parando com o sarcasmo e voltando pro assunto, percebi há algum tempo que ser muito racional estava se tornando um problema. Isso teve início com o meu interesse por filosofia. Comecei a questionar a fundo coisas que a maioria das pessoas tomam como verdades absolutas ou simplesmente não se incomodam em pensar, e cheguei à conclusões que preferia não ter chegado.

Quando falo em conclusões, entenda-se probabilidades, e a seguir está o que eu acho mais provável que aconteça comigo:

Como indivíduo, qualquer dia desses algo vai dar errado e meu corpo vai parar de funcionar. Minhas células vão morrer, meu cérebro se desintegrar aos poucos, e com ele todo meu conhecimento, minha consciência e jeito de pensar vão ser perdidos. Pra sempre. Sem jardins felizes com as pessoas que eu gosto, apenas o nada.

Como espécie, nunca vamos alcançar uma sociedade colaborativa com paz mundial. O mais provável é continuarmos nos matando indefinidamente por pedaços de terra, crenças, etnias, dinheiro ou seja lá qual for o motivo. Mesmo com conhecimento suficiente pra fazer um mundo melhor pra todos o instinto de macaco continua mais forte.

Como consciência racional não há nenhum motivo para querer existir. O que nos dá o desejo de existir e se sentir bem é nosso instinto (e sem isso teríamos sido um fracasso evolutivo).

O conflito entre a provável realidade que a razão apresenta e a vontade instintiva de existir e me sentir bem só acaba num sentimento de decepção. E isso me leva a questionar a própria racionalidade (espero que não entre numa recursividade infinita que trave o universo). Como não posso simplesmente esquecer as conclusões que cheguei, vejo duas opções: descobrir um jeito de ser menos racional ou, ironicamente, buscar uma outra solução racional pro problema. E provavelmente vai ser a segunda. A razão é uma vadia mesmo.

Considerações iniciais

Oi amiguinhos (imaginários?). Decidi fazer um blog pra postar coisas interessantes (ou não) que eu penso enquanto eu tomo banho, ando de ônibus, sento no trono, etc. O nome do blog veio daqui porque eu sou bastante "socially awkward", mas até que disfarço bem. Antes eu costumava postar no blog de um amigo, o Abacate Doce, que obviamente eu recomendo.

Não sei se é relevante me apresentar, então vou pela lei do menor esforço e não vou fazer isso.

Tentei fazer um primeiro post o menos "awkward" possível, agora vamos ao que interessa.